
Constatação
O orvalho que cintila nas pétalas
se deposita sobre ramos podres.
O solo dá sustento aos templos
e acolhe os muros dos cárceres.
As águas que banham os lordes
apagam os vestígios da carruagem.
A mesma luz que afugenta o medo
facilita a ação dos falsários.
A seiva alimenta os pomares
e nutre as ervas daninhas.
A fagulha que incandesce a lenha
transforma o arvoredo em nada.
Intriga-me a conduta da natureza
que se doa, muda,
a nobres e vulgares.
Terei que adotar igual isenção
ao me entregar
à substância dos meus versos?
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