6.12.08

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Radical

Arrancaram a velha árvore da minha cidade.

Cruéis,
não se limitaram a modelar a copa:
deceparam os galhos,
cerraram o tronco,
extraíram as raízes.

Implacáveis,
revolveram todo o solo
até extinguir as radículas
e a memória da semente.

Pois a árvore,
nutriz por natureza,
gerou um fruto, um único,
injetado de veneno.
Condenou-se e, ao condenar-se,
sentenciou a terra em torno.

Revoluto, acidentado,
tornou o solo os passos desarmônicos
Aceitou, porém, a sina
de paisagem inconclusa
ao lembrar que, dentro dele,
pulsava, inatingível, a energia vital.


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